BLOG

Rabdomiólise

A rabdomiólise é uma síndrome caracterizada pela ruptura das células musculares esqueléticas, liberando enzimas e substâncias intracelulares para a circulação sanguínea, como a creatina quinase (CK) e a mioglobina, que por sua vez é nefrotóxica podendo prejudicar a filtração glomerular e conseqüentemente resultar na instalação de uma Insuficiência Renal Aguda (IRA).
Sintomas clássicos: dor muscular, fraqueza e urina escurecida. Entretanto essa tríade clássica é observada em menos de 10% dos pacientes e mais de 50% não se queixam de dor muscular ou fraqueza. Manifestações sistêmicas incluem febre, mal-estar geral, taquicardia, náusea e vômito. As manifestações clínicas: IRA, coagulação intravascular disseminada e falência de múltiplos órgãos podem surgir posteriormente.
O grupo de músculos que estão mais frequentemente envolvidos são os da panturrilha e lombar, estes podem apresentar tensão e inchaço e algumas vezes estão associados a escaras
As diversas etiologias estão apresentadas na figura abaixo:
Rabdomiólise_imagem

Adaptado de: Cervellin et al.: Rhabdomyolysis: historical background, clinical, diagnostic and therapeutic features. Clin Chem Lab Med 2010;48(6):749–756
Os traumas musculares diretos são a causa mais comum de rabdomiólise, e os acidentes rodoviários, que geralmente são eventos isolados, são a causa mais frequente destes traumas.
As drogas de abuso, principalmente o álcool e a cocaína, também têm papel de destaque nas causas da rabdomiólise, podem agir diretamente através do efeito tóxico nas fibras musculares ou indiretamente devido à imobilização-compressão ou hiperatividade muscular.
Nos atletas essa síndrome também pode ocorrer e por isso devem ficar atentos e se cuidar, uma vez que a atividade muscular excessiva é uma importante causa de rabdomiólise. O exercício físico intenso associado a alguns outros fatores pode resultar na lesão muscular e quanto maior esta lesão, maior é a liberação de enzimas e mioglobina para a corrente sanguínea. Desta forma deve-se estar atento para a prática de atividades físicas muito intensas os indivíduos não treinados; os hipocalemicos (pessoas com níveis baixos de potássio, pois é vasodilatador da microvasculatura muscular); desidratados e aqueles que praticam exercício físico excêntrico (ex. descer escadas, correr na descida) e/ou sob condições críticas, muito calor e alta umidade.
A exposição ao calor excessivo associada à atividade física intensa e de longa duração, o que acontece muitas vezes com os atletas de ultraendurance, resulta na perda de água e sais minerais através do suor e consequente desidratação elevando a temperatura corporal e por sua vez resultando em hipertermia. Tais fatores podem levar a um quadro de rabdomiólise grave.
Dicas para evitar a Rabdomiólise para atletas:
– A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte recomenda que o praticante de atividade física deve estar sempre bem hidratado durante o exercício. O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal, prejudica as respostas fisiológicas e o desempenho físico, com riscos para a saúde.
– A perda de sódio através do suor durante o exercício físico intenso é outro aspecto importante, assim a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte recomenda a ingestão de líquidos contendo de 0,5 a 0,7g.l-1 (20 a 30mEq•l-1) de sódio durante a prática de exercícios prolongados, que ultrapassam uma hora de duração. A inclusão de sódio nas bebidas reidratantes promove maior absorção de água e carboidratos pelo intestino durante e após o exercício. Isso se dá porque o transporte de glicose na mucosa do enterócito é acoplado com o transporte de sódio, resultando em maior absorção de água.

As recomendações dependem do tipo de atividade e de fatores individuais, como condicionamento físico, idade, modalidade praticada, estresse ambiental, entre outros. Por isso, é importante ter o acompanhamento de um nutricionista que melhor indicará a quantidade correta de nutrientes para repor as necessidades individuais de cada atleta.

 

Referências Bibliográficas:
1. ROSA, N.G. et al. Rabdomiólise. Acta Méd Port 2005; 18: 271-282.
2. CERVELLIN, G. Rhabdomyolysis: historical background, clinical, diagnostic and therapeutic features. Clin Chem Lab Med 2010;48(6):749–756.
3. Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Rev Bras Med Esporte. 2009; 15 (3).