Salacia crassifolia, popularmente conhecida no Brasil como “bacupari”, “cascudo” e “saputá”, é um arbusto pertencente à família Celastraceae que é comum da região do cerrado brasileiro. Na medicina popular, as folhas, caules, sementes e frutos desta planta têm sido utilizados para tratar diversas doenças como doenças de pele, tumores, inflamações do trato urinário, úlceras gástricas, tosse crônica, artrite, dores de cabeça, diabetes e para alívio da dor. Comumente, o fruto do Bacupari é o mais utilizado e pode ser consumido tanto em sua forma natural, quanto em sucos e preparações.
O Bacupari apresenta constituintes farmacológicos importantes, tais como as xantonas, flavonoides, triterpenos, sesquiterpenos, alcalóides, entre outros. Os flavonoides presentes na planta demonstram estar relacionados à ação analgésica e à atividade bactericida. Os triterpenos possuem atividade antioxidante, antibiótica, e antitumoral. Os sesquiterpenos mostram atividade inseticida e os alcaloides apresentam atividades antitumoral e inseticida.
A atividade anti-inflamatória do Bacupari se dá através da interação de seus componentes com diferentes vias de sinalização intracelular. Em estudo, foi demonstrada uma redução na infiltração de leucócitos, redução do edema provocado pela bradicinina, histamina e prostaglandina e inibição significativa da formação de granuloma na inflamação crônica. Foi observado também uma atividade antinociceptiva (redução na capacidade de perceber a dor, ou efeito analgésico).
Além disso, estudos têm demonstrado que o extrato da espécie de Salacia possui uma potente atividade inibidora da a-glicosidase – uma enzima chave no processo digestivo de carboidratos. Com a inibição da a-glicosidase, é retardada a absorção de glicose da dieta, levando a uma diminuição da elevação da glicemia pós-refeição. Desta forma o fruto poderia ser utilizado como terapia adjuvante no tratamento de indivíduos com diabetes mellitus.
Embora o Bacupari seja amplamente utilizado na medicina popular para tratar uma variedade de doenças, são necessários mais estudos a fim de identificar os componentes ativos, mecanismos de ação e comprovar a sua eficácia no tratamento destas doenças, além de observar se o consumo prolongado do fruto pode produzir algum efeito negativo ao organismo.
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