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Vitamina K2

A vitamina K foi descoberta por acaso pelo bioquímico dinamarquês Henrik Dam em 1929, durante experimentos sobre o metabolismo de esteróis, verificando que havia relação deste com a coagulação sanguínea. Anos depois, percebeu que a ingestão de uma substância lipossolúvel, até então desconhecida, aliviava esse sintoma. Essa substância foi denominada vitamina K, em referência à primeira letra da palavra dinamarquesa Koagulation, que significa coagulação.
Suas duas formas ativas são a filoquinona (K1) e a menaquinona (K2). A filoquinona pode ser encontrada em maiores quantidades nos vegetais folhosos verde-escuros, como couve e espinafre, assim como nos óleos vegetais. Já a menaquinona é tradicionalmente produzida pelas bactérias encontradas na flora intestinal saudável, podendo ser encontrada também em queijos e alimentos fermentados, embora os dados sobre a sua quantificação nestes alimentos ainda sejam incompletos.
Além de estar envolvida na coagulação e na manutenção da saúde óssea, evidências relacionam a vitamina K com benefícios à saúde cardiovascular, especialmente no que se refere à inibição da calcificação das artérias coronárias. Estudos apontaram que a forma K2 (menaquinona) é responsável por direcionar o cálcio para ser absorvido pelos ossos, evitando seu depósito em locais inapropriados, como articulações, artérias e órgãos e é um importante potencializador da vitamina D. A vitamina K2 ativa uma proteína chamada osteocalcina, produzida pelos osteoblastos, que por sua vez é necessária para a assimilação do cálcio na matriz óssea. A osteocalcina evita ainda que o cálcio se deposite nas artérias.
Em 2004, o estudo Rotterdam foi o primeiro a demonstrar o efeito da vitamina K2 na extensão de sobrevida das pessoas. As pessoas que tiveram uma alta ingestão de vitamina K2 diminuíram pela metade o risco de morte por doença coronariana e de calcificação das artérias em relação às que tiveram pouca ingestão dessa vitamina. Em 2009, Beulens et al investigaram o consumo de filoquinona e menaquinona de 564 mulheres no período pós-menopausa por meio de questionários de frequência alimentar (QFA) e encontraram efeito protetor significativo do consumo de menaquinona contra calcificação coronária.
A recomendação diária de ingestão de vitamina K é de 90 e 120 µg/dia para mulheres e homens, respectivamente, na idade entre 19 e 50 anos, segundo as DRIs.

 

Referências bibliográficas
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