Cerca de 40% da população adulta brasileira apresenta algum grau de intolerância à lactose. O aumento do número de casos diagnosticados, seja por conta de haver mais investigação hoje em dia, ou porque, de fato, a prevalência pode estar aumentando, promoveu adaptação da indústria de alimentos, que passou a lançar um grande número de opções de produtos derivados do leite, mas com zero lactose. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), a venda de produtos zero lactose cresceu 98% em cinco anos no país.
Para o mercado de alimentos, será que isso significa uma oportunidade ou uma ameaça? Continue a leitura deste post e descubra o potencial desse tipo de produto.
Trata-se da incapacidade de digerir completamente o açúcar naturalmente presente no leite e seus derivados, conhecido como lactose.
Isso acontece devido a uma deficiência que algumas pessoas apresentam na produção da enzima lactase, responsável pela quebra da molécula de lactose, para que então seus produtos (glicose e galactose) possam ser absorvidos adequadamente.
Há diferentes graus de intolerância, o que faz com que os sintomas sejam mais intensos para algumas pessoas do que para outras. Mas, de maneira geral, os principais são diarreia, cólicas abdominais e enjoos, que resultam do acúmulo da lactose não digerida no intestino.
Esse problema não tem cura. Para manter a saúde e a qualidade de vida, a pessoa intolerante à lactose pode evitar produtos que contenham lactose, ou consumi-los acompanhados da enzima lactase, vendida como medicamento em farmácias. Para ajudar no controle dos sintomas, os intolerantes à lactose podem, ainda, fazer uso de probióticos e prebióticos e, principalmente, manter uma alimentação adequada.
O mercado de alimentos zero lactose cresceu exponencialmente nos últimos anos não só no Brasil, mas também no mundo, justamente porque, nessa versão, o leite e seus derivados são muito bem tolerados pelos portadores dessa condição. Dessa forma, não precisam ser excluídos da alimentação.
Pesquisa realizada pelo Euromonitor International Latin America mostrou que 2,7 milhões de toneladas de produtos com lactose reduzida ou sem lactose foram vendidas no mundo em 2016, representando 6,1 bilhões de dólares em vendas.
Só a América Latina foi responsável por 29% desse consumo. Cerca de 11% do faturamento das empresas do setor lácteo advém dos produtos zero lactose.
No Brasil, a expectativa é de que o consumo do leite sem lactose tenha uma alta anual de 10% a 15% nos próximos cinco anos. Hoje, as vendas já superam os 300 milhões de dólares no país.
Sem dúvidas, esse mercado se apresenta como uma grande oportunidade. Além disso, mesmo pessoas que não necessariamente têm o diagnóstico de intolerância à lactose estão aderindo a esse tipo de produto, muitas vezes na tentativa de minimizar sintomas gastro-intestinais similares aos da intolerância, ou mesmo por escolha individual, contando com uma certa percepção de maior saudabilidade desse tipo de produto.
Porém, algumas normas precisam ser seguidas para se adequar a esse mercado, as quais são elaboradas e controladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Lei 13.305/2016, que começou a vigorar em janeiro de 2017, tornou obrigatória a informação sobre a presença da lactose nos rótulos dos produtos.
Assim, qualquer alimento que apresente lactose em quantidade acima de 0,1% deve mostrar no rótulo a expressão “contém lactose”, logo após a lista de ingredientes, semelhante ao que jpa acontece com a sinalização da presença de glúten. Isso é bom para o consumidor e também para a indústria, que ainda conta com um avanço significativo no desenvolvimento de produtos desse tipo.
Se antes esse mercado se resumia ao leite, hoje já abrange queijos, manteigas, sorvetes, achocolatados, iogurtes e até doce de leite. Isso porque as pesquisas em biotecnologia possibilitaram o desenvolvimento de produtos zero lactose com mais facilidade, segurança e sabor.
Enfim, o mercado de produtos zero lactose é uma oportunidade para quem atua no segmento, já que atende à demanda de duas parcelas da população: a que tem intolerância à lactose e a que busca sua redução na alimentação de forma voluntária.
Por isso, procure sempre produtos confiáveis, de empresas comprometidas com a saúde do consumidor, que utilizam matéria-prima de qualidade e se preocupam com a maneira de produzir. Sobre isso, leia também o nosso artigo “Afinal, o que é ser uma marca sustentável de alimentos?”
